O texto abaixo é a transcrição original de um vídeo gravado logo após minha meditação matinal, mas em condições ruins para publicação. Resolvi gravar outro para publicar mas como, sinceramente, achei a mensagem original melhor, resolvi publicar mesmo assim pelo menos o texto ;) Segue então tanto o vídeo regravado quanto o texto original logo abaixo.
Precisamos conhecer e honrar a dor da mesma forma que fazemos com todos os nossos processos naturais de nutrição, de excreção, de reprodução... Reconhecer na mesma um instrumento de comunicação da inteligência interna do Ser e uma valiosa ferramenta de evolução. E quando estamos atentos ao conteúdo dessa comunicação ficamos mais capacitados a exercer a nossa felicidade intrínseca.
A gente passa a vida aprendendo que a dor é uma coisa ruim e
que a gente não deve sentir dor, ou tristeza, ou mesmo passar por momentos de
dificuldade. A dor é vista como uma imperfeição do mundo; algo anti-natural que
deveria ser extirpado da existência humana. Sempre que estamos em momentos de
crise ou passando por desconforto, nossa tendência é maldizer a vida e nos
consideramos infelizes por que sentimos dor. Quem a sente se sente também
condenado; à margem do movimento natural das coisas.
A dor não é vista como um processo natural do movimento
universal de evolução – um feedback inteligente de que as coisas precisam ser
transformadas e ainda a motivação necessária para que a transformação aconteça.
E assim ela perde seu significado como parte da felicidade genuína. Sim, a dor
é parte da felicidade e é necessária tanto quando momentos de prazer, pois
enquanto não se chega ao momento em que as coisas estão desconfortáveis,
normalmente não se busca a evolução. Ela indica o momento inevitável de
transformação; a oportunidade, assim como a crise nos negócios indica que a
empresa precisa de uma adaptação para continuar sobrevivendo no mercado.
Haveria uma estagnação geral no mundo se não houvesse
momentos de dor para ninguém. Assim funciona a natureza: a crise leva a uma
evolução compulsória, a escassez coordena os movimentos migratórios, que por
sua vez coordenam o momento ideal para a reprodução. Mutações genéticas
acontecem, os mais fracos se extinguem e as espécies se fortalecem no confronto
com as crises que as abalam.
Precisamos re-significar a dor. E isso passa por olharmos de
uma maneira completamente diferente o nosso corpo e o nosso coração. Inclui
parar de criticar e maldizer o desconforto, parar de tomar rapidamente um
remédio ao menor sinal de sofrimento, seja físico ou emocional. Ao contrário,
passamos a mergulhar em cada desconforto, entendendo-o como um sinal, uma
comunicação. Buscar entender, se aprofundar na linguagem da dor, como ela
interfere no nosso pensamento, no nosso corpo. Saber quando ela acontece, em
que circunstâncias, o que a faz aumentar e o que faz parar. Eu preciso ser mais
autêntico? Eu preciso falar mais? Ou ficar mais em silencio? Preciso escutar
mais o meu coração? Ou de repente quando eu controlo um pouco mais meus
impulsos eu consigo um resultado melhor, que consequentemente aplaca minha dor?
Enfim: se perguntar “Que tipo de mudança
de comportamento mental ou emocional altera, extingue ou intensifica a
minha dor?”.
Precisamos conhecer e
honrar a dor da mesma forma que fazemos com todos os nossos processos naturais
de nutrição, de excreção, de reprodução... Reconhecer na mesma um instrumento
de comunicação da inteligência interna do Ser e uma valiosa ferramenta de
evolução. E quando estamos atentos ao conteúdo dessa comunicação ficamos mais
capacitados a exercer a nossa felicidade intrínseca. A dor não precisa deixar
de existir para sermos felizes. Ela é parte da felicidade por que nos mantém em
harmonia com o movimento universal, sendo que todo o universo está em
permanente mutação e evolução. É simplesmente anti-natural acreditarmos que iremos
atingir um estado perene e estático de satisfação, de onde a partir dali não
existirá mais dor. Isto só acontece nos finais felizes dos antigos contos de
fadas da Disney. Na vida real, a felicidade é um movimento de saúde da
natureza, e a saúde passa por momentos de crise que conduzem a mudanças
evolutivas constantes que fazem com que galguemos cada vez mais graus de
consciência e adaptabilidade na conjuntura da transformação universal.
É preciso se permitir, se autorizar a sentir dor. E em
sentindo, podemos compreender sua função e agradecer. Logicamente não estou
falando de um certo grau de masoquismo, que faz com que sintamos a dor e
fiquemos parados, congelados, nos lamentando a respeito dela. Falo aqui de um
sentir dinâmico que contempla a dor como uma mola propulsora. Senti a dor que
impulsiona e transforma, sendo adequadamente utilizada. Uma abordagem dinâmica
da dor faz que com mergulhemos em nosso Ser mais elevado e encontremos a força
transformadora que nos trará graus cada vez mais elevados de inteligência,
harmonia, plenitude, autenticidade e prazer de viver.
Uma vida mais viva para todos nós!
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