quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A verdadeira função da dor

O texto abaixo é a transcrição original de um vídeo gravado logo após minha meditação matinal, mas em condições ruins para publicação. Resolvi gravar outro para publicar mas como, sinceramente, achei a mensagem original melhor, resolvi publicar mesmo assim pelo menos o texto ;) Segue então tanto o vídeo regravado quanto o texto original logo abaixo.



Precisamos conhecer e honrar a dor da mesma forma que fazemos com todos os nossos processos naturais de nutrição, de excreção, de reprodução... Reconhecer na mesma um instrumento de comunicação da inteligência interna do Ser e uma valiosa ferramenta de evolução. E quando estamos atentos ao conteúdo dessa comunicação ficamos mais capacitados a exercer a nossa felicidade intrínseca.

A gente passa a vida aprendendo que a dor é uma coisa ruim e que a gente não deve sentir dor, ou tristeza, ou mesmo passar por momentos de dificuldade. A dor é vista como uma imperfeição do mundo; algo anti-natural que deveria ser extirpado da existência humana. Sempre que estamos em momentos de crise ou passando por desconforto, nossa tendência é maldizer a vida e nos consideramos infelizes por que sentimos dor. Quem a sente se sente também condenado; à margem do movimento natural das coisas.

A dor não é vista como um processo natural do movimento universal de evolução – um feedback inteligente de que as coisas precisam ser transformadas e ainda a motivação necessária para que a transformação aconteça. E assim ela perde seu significado como parte da felicidade genuína. Sim, a dor é parte da felicidade e é necessária tanto quando momentos de prazer, pois enquanto não se chega ao momento em que as coisas estão desconfortáveis, normalmente não se busca a evolução. Ela indica o momento inevitável de transformação; a oportunidade, assim como a crise nos negócios indica que a empresa precisa de uma adaptação para continuar sobrevivendo no mercado.

Haveria uma estagnação geral no mundo se não houvesse momentos de dor para ninguém. Assim funciona a natureza: a crise leva a uma evolução compulsória, a escassez coordena os movimentos migratórios, que por sua vez coordenam o momento ideal para a reprodução. Mutações genéticas acontecem, os mais fracos se extinguem e as espécies se fortalecem no confronto com as crises que as abalam.

Precisamos re-significar a dor. E isso passa por olharmos de uma maneira completamente diferente o nosso corpo e o nosso coração. Inclui parar de criticar e maldizer o desconforto, parar de tomar rapidamente um remédio ao menor sinal de sofrimento, seja físico ou emocional. Ao contrário, passamos a mergulhar em cada desconforto, entendendo-o como um sinal, uma comunicação. Buscar entender, se aprofundar na linguagem da dor, como ela interfere no nosso pensamento, no nosso corpo. Saber quando ela acontece, em que circunstâncias, o que a faz aumentar e o que faz parar. Eu preciso ser mais autêntico? Eu preciso falar mais? Ou ficar mais em silencio? Preciso escutar mais o meu coração? Ou de repente quando eu controlo um pouco mais meus impulsos eu consigo um resultado melhor, que consequentemente aplaca minha dor? Enfim: se perguntar “Que tipo de mudança de comportamento mental ou emocional altera, extingue ou intensifica a minha dor?”.

Precisamos conhecer e honrar a dor da mesma forma que fazemos com todos os nossos processos naturais de nutrição, de excreção, de reprodução... Reconhecer na mesma um instrumento de comunicação da inteligência interna do Ser e uma valiosa ferramenta de evolução. E quando estamos atentos ao conteúdo dessa comunicação ficamos mais capacitados a exercer a nossa felicidade intrínseca. A dor não precisa deixar de existir para sermos felizes. Ela é parte da felicidade por que nos mantém em harmonia com o movimento universal, sendo que todo o universo está em permanente mutação e evolução. É simplesmente anti-natural acreditarmos que iremos atingir um estado perene e estático de satisfação, de onde a partir dali não existirá mais dor. Isto só acontece nos finais felizes dos antigos contos de fadas da Disney. Na vida real, a felicidade é um movimento de saúde da natureza, e a saúde passa por momentos de crise que conduzem a mudanças evolutivas constantes que fazem com que galguemos cada vez mais graus de consciência e adaptabilidade na conjuntura da transformação universal.


É preciso se permitir, se autorizar a sentir dor. E em sentindo, podemos compreender sua função e agradecer. Logicamente não estou falando de um certo grau de masoquismo, que faz com que sintamos a dor e fiquemos parados, congelados, nos lamentando a respeito dela. Falo aqui de um sentir dinâmico que contempla a dor como uma mola propulsora. Senti a dor que impulsiona e transforma, sendo adequadamente utilizada. Uma abordagem dinâmica da dor faz que com mergulhemos em nosso Ser mais elevado e encontremos a força transformadora que nos trará graus cada vez mais elevados de inteligência, harmonia, plenitude, autenticidade e prazer de viver.

Uma vida mais viva para todos nós!

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