Obs: Este texto é o
terceiro da série Do Ser Individual ao Ser Feliz
Inicialmente pode parecer que não há comportamentos
involuntários como os mencionados no texto anterior (vide texto) em seu corpo,
mas o mesmo sempre responde a sua postura mental e a sua percepção de mundo. É
uma forma primitiva de se preparar para o que há de vir – uma necessidade de
fuga, de combate ou de reprodução. Por tanto, todo ser humano tem movimentos
corporais que falam da sua impressão sobre a vida mais ou menos visíveis, a
depender do perfil de cada um. Para não acabar entrando em rótulos que limitam
a individualidade de cada ser, sugiro que se observe nas mais diversas
situações, questionando-se sempre “como está meu corpo agora?”.
Use todas as questões já mencionadas como ponto de partida e começará a perceber, no exercício
diário, seu próprio padrão. Associando o comportamento do corpo com situações
específicas de sua vida, você compilará um repertório de suas reações físicas
mais frequentes e os momentos em que elas ocorrem.
“Como MEU corpo fica
em situações de paixão/pressão/contentamento/stress/rejeição/medo/raiva/etc.?”
Entendendo seus padrões, em outras situações onde não houver
muito tempo para decidir e entender, será mais fácil saber o grupo de
movimentos corporais a serem observados para se descobrir qual sua real
necessidade em cada momento. Por exemplo:
Oferecem-me uma
promoção para um cargo onde ganharei mais, porém terei que fazer mais horas
extras e precisarei conviver com pessoas desagradáveis diariamente. Pergunto a
amigos o que fazer e todos dizem que, na idade em que estou, temos que engolir
alguns sapos e aceitar alguns sofrimentos para subir na vida. O salário é muito
bom! Penso se devo aceitar. Será que serei feliz? Escuto o meu corpo.
Esforço-me para sorrir e pensar “será bom pra mim!”. Mas minhas bochechas estão
meio rígidas, não é fácil sorrir. Além disso, meus olhos estão um pouco
dispersos. Meus ombros estão retraídos. Sempre que estou com medo, não consigo
sorrir. Quando me sinto acuado, suspendo os ombros e às vezes até cruzo meus
braços.
O que este corpo diz? “Não será bom, não vale a pena o
esforço, o benefício não cobre o nível de stress/cansaço/insatisfação”. Talvez,
na insistência, a tensão nos ombros se torne crônica acarretando uma enxaqueca
tensional.
Provavelmente esta pessoa tenha alguma questão interna a ser
resolvida antes de se expor a esta
experiência. Compreender melhor as “pessoas desagradáveis” e a maneira de lidar
com elas, até que não sejam mais tão desagradáveis assim. Encontrar uma forma
de aperfeiçoar seu trabalho para que não precise mais realizar tantas horas
extras. Mas, caso a pessoa opte por ignorar o alerta do corpo e adentrar na
experiência, precisará fazer isso com a consciência de que precisará solucionar
estas resistências o quanto antes, ou estará fadada a viver infeliz
diariamente, provocando em si
moléstias que poderiam ser evitadas.
Podemos transcender a mensagem do corpo, mas não podemos
ignorá-la, pois ela fala de nossas limitações e necessidades no momento
presente. Por mais que acreditemos intelectualmente que deveríamos ser mais
fortes, menos emotivos, mais racionais ou gostar mais de uma determinada coisa
e menos de outra; a pessoa que somos hoje é quem conviverá com tais
experiências e transmitirá mensagens de prazer ou desconforto ao nosso corpo
quando a mente não puder mais escutar o coração.
É comum querermos desejar o que todos desejam, o que a
sociedade considera modelo de sucesso, para que possamos ser aceitos e
admirados mais facilmente. Acreditamos que a aceitação no grupo ou na família
pode nos trazer felicidade certa, mas não é assim. Quando não somos felizes,
mesmo que consigamos nos enquadrar nos parâmetros “gerais” de sucesso e
agradabilidade, subsiste um mau-humor intrínseco, uma cobrança ao outro que nos
distancia mais do que aproxima da harmonia, do amor e da felicidade. Mesmo
quando buscamos transcender nossas limitações, isso precisa ser feito de
coração. Assim, faz mais sentido buscar ser feliz sob seus padrões individuais
de desejo e realização pessoal, demonstrando um aspecto corporal confortável,
vivaz, relaxado e alegre. Transbordando – fisicamente inclusive – esta
felicidade, nos tornamos mais bem dispostos, abertos, pró-ativos, generosos e
atraentes no que quer que decidamos fazer das nossas vidas.
Vida viva para todos!
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