O que nos faz parar de seguir um caminho positivo,
produtivo, de evolução, não são as emoções negativas. São os pensamentos a
respeito delas.
A emoção, quando é simplesmente sentida, no corpo, nas
vísceras, se extingue.
Os pensamentos de vitimação, de expectativas não cumpridas,
de frustração, esses sim transformam uma emoção - que poderia ser naturalmente expressa
e exaurida - num ciclo sem fim de disparos químicos cerebrais e corporais.
Estes esgotam a energia do sistema individual humano e acabam por sustar a
capacidade natural que cada indivíduo tem de se reerguer.
Uma das posturas mentais mais negativas em relação às
emoções é a culpa. Culpa por não se sentir satisfeito com determinada condição
considerada socialmente como boa; culpa por sentir raiva de pessoas que também
amamos; culpa por não ser tão competente quando achávamos correto ser, culpa
por ter desejos infantis e egoístas...
Culpa por sermos simplesmente humanos.
Esta culpa corrói a autoestima, dissolve a nossa capacidade
de reconhecer nossos pontos positivos. De repente não podemos ser bons e ruins
ao mesmo tempo. Não, só podemos ser OU ruins, Ou bons. E não há espaço para o
bom se houver o ruim. Então somos horríveis, fracos, malvados, sem salvação. E
não há espaço para tal pessoa no mundo.
Tudo pela culpa de sermos humanos. O pecado original
personificado...
Se pudéssemos admitir que podemos sentir raiva de manhã, e
gritar, e rosnar sozinhos sem pensar muito sobre isso... e depois ir a tarde
tomar um café com o nosso desafeto da manhã...
Se pudéssemos tremer e chorar de susto depois de uma batida
de carro, mesmo sem vítimas, e depois, relaxados depois de tantos soluços,
dormir e acordar alegremente para ir trabalhar...
Se pudéssemos, como quem assiste a um filme, mencionar e
demonstrar nossas emoções, simplesmente só pela expressão, sem o objetivo de
ferir ou conquistar o outro, e também sem esperar reação específica da outra
parte....
Tudo seria mais natural se pudéssemos assimilar que podemos
sentir sem necessariamente agir, que podemos ser simultaneamente luz e treva, a
todo instante, sem uma condenação instantânea e um rótulo que nos conduz
diretamente ao inferno.
O que você sente e o que você faz com os sentimentos são
coisas diferentes.
Um ser responsável não é aquele que não sente. Ele sente,
reconhece que sente. Sente em todo seu corpo e se aceita, se perdoa. E escolhe
agir conforme seus interesses mais profundos e elevados porque sabe que o que
sente não é da responsabilidade do outro. Sabe que é seu, diz respeito a sua
própria visão de mundo. Isso por si só
já é uma grande luz, dentro do que podemos encontrar no planeta Terra hoje.
Vida viva para todos!
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