segunda-feira, 11 de abril de 2016

Emoção e Culpa

O que nos faz parar de seguir um caminho positivo, produtivo, de evolução, não são as emoções negativas. São os pensamentos a respeito delas.

A emoção, quando é simplesmente sentida, no corpo, nas vísceras, se extingue.
Os pensamentos de vitimação, de expectativas não cumpridas, de frustração, esses sim transformam uma emoção - que poderia ser naturalmente expressa e exaurida - num ciclo sem fim de disparos químicos cerebrais e corporais. Estes esgotam a energia do sistema individual humano e acabam por sustar a capacidade natural que cada indivíduo tem de se reerguer.
Uma das posturas mentais mais negativas em relação às emoções é a culpa. Culpa por não se sentir satisfeito com determinada condição considerada socialmente como boa; culpa por sentir raiva de pessoas que também amamos; culpa por não ser tão competente quando achávamos correto ser, culpa por ter desejos infantis e egoístas...
Culpa por sermos simplesmente humanos.
Esta culpa corrói a autoestima, dissolve a nossa capacidade de reconhecer nossos pontos positivos. De repente não podemos ser bons e ruins ao mesmo tempo. Não, só podemos ser OU ruins, Ou bons. E não há espaço para o bom se houver o ruim. Então somos horríveis, fracos, malvados, sem salvação. E não há espaço para tal pessoa no mundo.
Tudo pela culpa de sermos humanos. O pecado original personificado...
Se pudéssemos admitir que podemos sentir raiva de manhã, e gritar, e rosnar sozinhos sem pensar muito sobre isso... e depois ir a tarde tomar um café com o nosso desafeto da manhã...
Se pudéssemos tremer e chorar de susto depois de uma batida de carro, mesmo sem vítimas, e depois, relaxados depois de tantos soluços, dormir e acordar alegremente para ir trabalhar...
Se pudéssemos, como quem assiste a um filme, mencionar e demonstrar nossas emoções, simplesmente só pela expressão, sem o objetivo de ferir ou conquistar o outro, e também sem esperar reação específica da outra parte....
Tudo seria mais natural se pudéssemos assimilar que podemos sentir sem necessariamente agir, que podemos ser simultaneamente luz e treva, a todo instante, sem uma condenação instantânea e um rótulo que nos conduz diretamente ao inferno.
O que você sente e o que você faz com os sentimentos são coisas diferentes.
Um ser responsável não é aquele que não sente. Ele sente, reconhece que sente. Sente em todo seu corpo e se aceita, se perdoa. E escolhe agir conforme seus interesses mais profundos e elevados porque sabe que o que sente não é da responsabilidade do outro. Sabe que é seu, diz respeito a sua própria visão de mundo.  Isso por si só já é uma grande luz, dentro do que podemos encontrar no planeta Terra hoje.

Vida viva para todos!

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